Uma Palavra aos que estão afastados de Jesus.( Lucas 15:11-24)
A passagem bem conhecida do filho pródigo nos traz inúmeras lições, porém neste momento vamos nos concentrar nas Alfarrobas ou nas bolotas.
A Bíblia diz que o filho pródigo após ter pedido ao pai a parte que lhe coube na herança saiu mundo afora. Gastou seu dinheiro dissolutamente, ou seja, de forma libertina e devassa. No original dá uma idéia de que ele extravasou, caiu na desordem, na farra, achou que estava ganhando a vida. Logo arrumou muitos supostos amigos. Não é assim mesmo? Quantos amigos se fazem nos tempos de abundância? E quantos se perdem no tempo da escassez? Esse filho provou isso na prática, pois tão logo sua riqueza foi gasta, tão logo os interesseiros se foram. O pior de tudo é que ao mesmo tempo em que sua riqueza acabou sobreveio àquela região uma crise que culminou em fome ( v. 14).
Agora sentindo falta do dinheiro que não poupou e nem investiu, padeceu em necessidades e foi em busca de trabalho. A crise levou também com ela os bons empregos e só lhe restou cuidar dos porcos.
Para uma pessoa que está passando por uma situação complicada como essa cuidar de porcos não era tão ruim. Entretanto não seria ruim se ele não fosse judeu, pois como sabemos os judeus não podiam comer carne de porco e repudiavam até mesmo as pessoas que criavam. Havia um provérbio no talmude que dizia: " maldito o homem que cria porcos…". Cuidar de porcos era uma coisa impensável para ele, mas naquele momento ele não poderia recusar. Lá no campo apascentando os porcos ele teve fome, e com a fome veio um desejo absurdo, de comer as Alfarrobas dos porcos, o problema é que nem isso deram para ele.
As Alfarrobas eram umas vagens verdes em forma de chifre, dentro delas tinha umas sementes e era viscoso. Não servia de alimento, a não ser em momentos como aquele de grande fome. Davam aos porcos e para não morrer, como último recurso as pessoas. E agora estava lá o filho de um rico fazendeiro judeu, tendo que apascentar porcos e desejando comer um dos piores alimentos.
Neste plano de fundo, ao olhar diretamente para as Alfarrobas, o texto nos trás 4 lições para nossas vidas hoje:
As Alfarrobas tem um preço, longe do pai tudo tem preço
Na casa do pai tudo ele tinha tudo sem haver conquistado nada. Uma herança inestimável que o pai trabalhou e lutou para seus filhos usufruir. Mas naquela terra quando ele teve fome, antes de lhe dar alguma coisa para comer o dono dos porcos o mandou para o trabalho ( v. 15).
A crueldade deste mundo não tem limites. Como alguém pode mandar para o serviço alguém que ainda não comeu?
No mundo é assim, tudo tem um preço. Não pense meu amigo que sairás ileso deste mundo. Se o diabo( dono dos porcos) te oferece algo, antes mesmo de te dar ele cobra o preço.
O prazer que as drogas e a bebida trazem acabam com famílias, reputações e a saúde. O status que ele dá com os bens ele cobra na parte sentimental. Muitas vezes as pessoas que tem muito estão rodeadas de pessoas, mas se sentem sozinhas, se sentem vazias.
O pai já mandou Jesus e ele trabalhou pela nossa paz aqui na terra e pelo nosso descanso lá no céu. Aqui no mundo nós temos aflições sim, mas não nos sentimos sozinhos pois ele está conosco, não nos sentimos vazios, pois ele habita em nós.
Tudo que há neste mundo são alfarrobas
Por mais que esse mundo se apresente com grandes atrativos, mas é tudo ilusão, pois no final só lhe sobram as Alfarrobas ( v. 16a).
Foi assim com o pródigo e assim será com qualquer um que deixar a presença do pai e partir para gastar dissolutamente.
Costumamos ter a impressão de que a grama do vizinho é melhor. O filho não estava satisfeito com o que possuía junto ao pai e por isso partiu. Quantos de nós temos flertado com o mundo pensando ser melhor a vida lá fora? Não se iluda, tudo que há no mundo é ilusão.
Onde terminam as festas deste mundo? Nas Alfarrobas da confusão, do tiroteio e morte.
Onde terminam o sexo ilícito que esse mundo oferece? Nas Alfarrobas da gravidez indesejada, do aborto e das doenças sexualmente transmissíveis.
Onde terminam os ganhos de dinheiro fácil desse mundo? Cadeia, vexames e dissensões.
Não se deixe levar pelas ofertas do mundo, o final não é bom.
As alfarrobas não são nossas
Observe que enquanto os porcos comiam as Alfarrobas ele as desejou. Depois de dias sem comer nada aquelas vagens que em tempos normais eram pisadas ou esquecidas pelas pessoas, agora lhes parecera um apetitoso alimento. O problema é que mesmo as bolotas não lhe era permitido comer. Ninguém lhe dava nada ( v. 16b).
Não adianta nos iludir com as bolotas. Não adianta babar desejando as Alfarrobas, elas são dos porcos não nossas. A lição que tiramos disso é que os filhos de Deus mesmo estando afastados do pai não conseguirão se fartar com as Alfarrobas oferecidas por esse mundo. Os porcos se fartam, os filhos não.
Ao se separar com esse mundo, a primeira vista é que ele tem algo a nos oferecer, mas não tem. Chegará o momento que mesmo com toda a fome não ser-lhe-á dado o que comer e então se perceberá que não tem como um filho se fartar longe do pai.
Se você já se afastou de Deus alguma vez você sabe do que estou falando. Longe dele sempre falta alguma coisa. Parece que não estamos encaixados, parecemos deslocados, sabendo da realidade, mas fugindo dela. Você já se sentiu assim? Ou está se sentindo assim?
Até às Alfarrobas tem uma serventia
As Alfarrobas ajudaram pelo menos em uma coisa ao filho pródigo, saber que na casa do pai era melhor ( v. 17).
Os porcos não podem rejeitar as Alfarrobas oferecidas, nem ao menos eles conseguem se lembrar de algum dia ter comido melhor, mas o filho sim.
Existem momentos tão complicados que se pudéssemos, nós pediríamos a Deus para nem lembrar deles. Foi o caso do filho pródigo, aquele momento era tão ruim que certamente quando voltasse para o pai não ia querer nem lembrar dele. Mas enquanto estava vivendo aquilo veio a sua mente os grandes momentos ao lado do pai. Você que está afastado não lembra dos bons momentos com o pai? Não pensa nesse mundo, em tudo que está por vir? O filho lembrou que na casa do pai até os trabalhadores comiam bem.
Ele caiu em si sobre os bons tempos com o pai, mas ao mesmo tempo ele caiu em si dos grandes pecados que havia cometido e que agora se tornara indigno de ser chamado filho ( v. 18 - 19). Ele pensou: "se pela misericórdia meu pai me receber como empregado já estarei melhor que agora."
Quando estamos longe de Deus e caímos em si, percebemos o quanto pecamos. Ao olhar a situação, assim como o filho pródigo enxergamos o tamanho do erro que cometemos. Nessa hora tudo que temos é reconhecer e arrependidos esperar que o pai nos receba de volta.
Conclusão:
Tenha em mente meu irmão que esse mundo nada tem a nos oferecer, pois nem as Alfarrobas nos são dadas. É um mundo pobre que perece a cada dia e que dia após dia se vê mais perto o seu fim.
Agora caídos em si como o pródigo reconheçamos diante de Deus os nossos pecados e retornamos imediatamente para a casa do pai.
Quando você estiver de volta não espere pedras, não espere ser botado pra fora, não. Ele estará de braços abertos aguardando. Quando ele te ver, ele vai ao seu encontro com um abraço, um beijo e movido de íntima compaixão por você ( v. 20).
Mesmo que você esteja muito longe hoje, mas saiba que ele pode alcançar você, pois nada é impossível para ele ( Lc 1:37). Ele espera por você como o pastor que foi buscar a centésima ovelha, como a mulher que procurou pela dracma perdida e como o pai que aguarda com amor o retorno do filho.
Agora ao final dessa mensagem exaltemos ao nosso Deus ao olhar para sua atitude no começo e no fim dessa história. Aqui vemos a diferença de graça e misericórdia na prática. Antes do filho ir embora o pai teve graça. Mesmo sem o filho fazer nada para merecer ele tinha parte na herança, ele desfrutava de uma bela vida e do amor do pai. Isto é graça, favor imerecido. Já no retorno o filho soube o que era misericórdia. Mesmo ele tendo rejeitado o pai, mesmo ele merecendo o castigo após muitos pecados, o pai o amou, o abraçou e não o recebeu como empregado, mas como filho. Isto é misericórdia, ter compaixão da sua miserabilidade, do seu estado de miséria. Graça é quando não fazemos por merecer e Ele faz por nós. Já misericórdia é quando fazemos de tudo para merecer o castigo e Ele não nos pune. O nosso pai tem graça e misericórdia a nos oferecer e nós o que temos a oferecer a Ele que não seja um coração grato e humilde? Pois mesmo com uma vida inteira a lhe servir ainda não pagaremos as riquezas eternas que ele tem nos dado! Vale a pena estar com esse Deus gracioso e misericordioso que nos ama de verdade.
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Esboço do Sermão pregado dia 08.12.2019
Igreja Palavra da Verdade
Pr. Ross
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